A condição física, a preparação, o desgaste durante o jogo fazem muita diferença em uma partida de alto nível, seja qual for a modalidade esportiva. Tomemos por base uma partida de futebol em que durante todo o jogo, um atleta não colabora efetivamente com sua equipe, em uma visível falta de condição física de estar em campo. Esse atleta que “se poupa” durante 105 minutos, em um determinado momento vai se sobressair sobre seus adversários que estão desgastados fisicamente por se doarem por sua equipe durante todo o jogo. Daí alguns narradores e comentaristas enchem o peito e dizem: “O craque pode decidir o jogo a qualquer momento”! Concordo que sim, mas se você tiver em campo um atleta que divide a responsabilidade com os demais, as chances da equipe sair vitoriosa são muito maiores.
Ainda tomando por base o Futebol, assim como o “craque” que se poupa pode se sobressair diante do adversário desgastado, sobretudo ao final do jogo, ele também desgasta os demais atletas de sua equipe. Façamos as contas: 115 minutos intensos, alto nível não só técnico, mas também de exigência física e psicológica, afinal de contas, em uma disputa, o psicológico também vem à prova, 9 atletas, (excluamos o goleiro pelas questões próprias da posição) vão correr, atuar cerca de 11% a mais do que em uma situação normal. Alguns, a depender da sua função em campo, muito mais que isso. Daí o que inicialmente geraria uma leve vantagem individual contra um grupo, acaba sendo um revés porque no 11 contra 11, a equipe que está mais desgastada fisicamente e com um jogador que mesmo “descansado”, mas vai estar em condição inferior aos seus pares, podendo ser justamente o ponto de desequilíbrio, difícil de ser compensado pelos seus desgastados companheiros, possivelmente será superada.
Fica a pergunta: Vale a pena o protecionismo? Vale a pena a insistência em manter em campo um atleta que não está em plenas condições de colaborar com sua equipe? Financeiramente, pelos interesses que estão no entorno, talvez sim. Mas como equipe, como um time que representa uma torcida, como uma seleção que representa uma nação, chega a ser uma atitude covarde.
Seja fisicamente, seja por questões internas, indisciplinas, ou qualquer outra situação de grupo, deve ir a campo aqueles que estão em condições. Muitos técnicos são vistos como loucos, intransigentes, que querem inventar ao barrar suas estrelas de convocações e escalações, mas esses visam o bem estar de seus grupos, a seriedade e continuidade de seu trabalho além da sua liderança de grupo em sua filosofia de trabalho.